Promessa para a Humanidade desfigurada


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Para um cristão, celebrar a Transfiguração, significa pois um apelo à responsabilidade e uma exortação à com-paixão, à dilatação do coração no encontro com o homem que sofre. Não é por acaso que para os Evangelhos, o Cristo que vive a Transfiguração é Aquele que acabou de anunciar, pela primeira vez, o destino de Paixão e Morte que O espera, a desfiguração que sofrerá da parte dos Homens (cf. Mt 16,21-23): diante do mal, Jesús escolhe ser vítima a ser ministro. A Transfiguração torna-se, assim, o sim de Deus ao Filho que aceita o caminho da solidariedade radical para com os oprimidos e para com as vítimas da História. Mistério do sofrimento, a Transfiguração faz-se no coração: ela encontra no dinamismo Pascal de morte-ressurreição, de sofrimento-vivificação, a sua própria lógica. 

Além disso, se o 9 de Av evoca o sofrimento dos Hebreus e Hiroshima recorda o sofrimento de todos os Homens, Cristo (que é Hebreu e sê-lo-á para sempre) é Aquele que reúne no seu corpo de Homem, na sua carne Hebraica o sofrimento da Humanidade inteira. E a sua Transfiguração torna-se esperança universal para cada homem que sofre, antes, para "toda a criação que geme e sofre as dores de parto..." (cf. Rm 8,22) à espera da redenção. Aos cristãos compete, então, celebrar a Transfiguração esperando por Todos os Homens; fazer memória deste acontecimento da vida de Jesús é, de facto, a promessa de que também o nosso corpo de miséria e de pecado será transformado, restabelecendo-se em nós a imagem plena de Deus. A Transfiguração é a penhora de que Deus age para nos configurar ao seu Filho, até nos tornarmos semelhantes a Ele; é também a penhora de que todo o nosso ser será transfigurado, sem rupturas com a nossa humanidade: nem mesmo as nossas paixões, os nossos sentidos, os nossos afectos humanos serão destruídos, mas transfigurados através de uma purificação cujo protagonista é Deus. Vivida nesta esperança, a Transfiguração transforma-se numa festa que, já hoje, acende raios de esperança nos corações e ilumina as consciências suscitando compaixão, corresponsabilidade e autêntica fraternidade.  

Enzo Bianchi

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pp.131-134