II Domingo da Quaresma
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Reflexões sobre as leituras
de LUCIANO MANICARDI
Ouvir a Palavra de Deus significa descobrir a presença de Deus e acolhê-la em nós. Contudo, trata-se de uma presença que não está apenas no plano da representação, da percepção e do conhecimento
domingo 20 Março 2011
Ano A
Gen 12,1-4; Sal 32; 2Tm 1,8-10; Mt 17,1-9
A História da Salvação, que começa com a vocação de Abraão (I leitura), encontra em Jesús o seu ponto culminante, como confirmam Moisés e Elias no monte da Transfiguração (evangelho) e prossegue nos tempos da Igreja com a vocação santa divulgada no Evangelho de Jesús Cristo (II leitura). A obediência de Abraão abre o caminho para que se cumpra a promessa de Deus de fazer dele uma benção para todos os Homens (I leitura); na transfiguração a voz divina pede obediência a Jesús - o filho: "Escutai-O!" (evangelho); o evento pascoal é graça que pede ao crente obediência e o faz testemunha (II leitura).
No centro do episódio da transfiguração está a voz que vem da nuvem e que ordena a escuta de Jesús (cf. Mt 17,5). A reacção dos discípulos às palavras celestes é de escuta e temor: “Ao ouvirem isto, os discípulos caíram com a face por terra, muito assustados” (Mt 17,6). Esta passagem faz ecoar um texto do livro do Dt 4,32-33 que diz: “interroga...desde o dia em que Deus criou o homem sobre a terra. Pergunta se jamais houve, de uma extremidade à outra do céu, coisa tão extraordinária como esta,...Sabes, porventura, de algum povo que tenha ouvido a voz de Deus falando do meio do fogo, como tu ouviste, e tenha continuado a viver?." Hoje a expressão "escutar a palavra de Deus" é usada por todos e corre o risco de ser banalizada: escutar a Palavra de Deus é uma experiência temível, ultrapassa a leitura e a escuta das páginas bíblicas e não pode ser confundida com sinais dos tempos individualizados mais por via sociológica que por discernimento espiritual.
Escutar a Palavra de Deus significa descobrir a presença de Deus e acolhê-la em nós. Contudo, trata-se de uma presença que não está apenas no plano da representação, da percepção e do conhecimento. É uma outra presença, é LUZ. É a presença luminosa que habita Jesús; que chega aos discípulos pela voz de Deus e que proclama, através das escrituras, a identidade messiânica de Jesús (“Este é o meu Filho”: Sal 2,7), servo (“Eis o meu servo, que eu amparo”: Is 42,1) e profeta (“...a Ele deves escutar!”: Dt 18,15). A escuta da palavra de Deus é temível também, porque conduz à mudança, à conversão; a mudar de vida fazendo da Palavra escutada o centro renovado e inovador da própria existência. A escuta da palavra de Deus é temível porque (como acontece com Abraão, cf. Gen 12,1-4), implica um sair do campo das certezas e dos hábitos quotidianos para iniciar um caminho sem as seguranças humanas.
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