IV domingo da Quaresma

 

Nos três textos está implícita uma dinâmica pascoal: a celebração pascoal celebra a passagem do Egipto à terra prometida (I leitura); o acolhimento da graça de Deus em Cristo faz com que aqueles que eram pecadores sejam amigos de Cristo, transformando-os em novas criaturas (II leitura); na parábola a dinâmica pascoal está subjacente à passagem da morte à vida, do filho que estava perdido (Evangelho).

O pecado, segundo a parábola evangélica, aparece como desconhecimento do amor. Ambos os filhos não acedem à sua verdade de filhos: um foge da casa e do pai; o outro fica em casa, porém, ressentido e como escravo. Sem liberdade não há amor. Acabamos por fugir da casa que se transformou em prisão ou permanecemos na lógica do dever e da obrigação, como escravos e não como filhos (cf. Jo 8,35).
Decisivo no processo do regresso a casa do filho mais novo é o "cair em si" (v. 17). O jovem deixa de fugir quando toma contacto consigo mesmo, quando ousa interiorizar. Não se trata ainda de uma conversão, mas de uma leitura realística de si, uma tomada de consciência da situação penosa em que caíu.