II Domingo de Advento
Este último aspecto sugere uma outra reflexão: João, figura essencial para Jesus segundo os testemunho dos quatro Evangelhos, remete para a necessária mediação de um homem para poder preparar os caminhos do Senhor. João, que precede Jesus e em cujo rasto se colocará Jesus, é uma figura de acompanhamento espiritual. Assim, esta página do princípio do Evangelho, torna-se também memória dos primórdios da fé dos cristãos: memória do baptismo, da acção do Espírito Santo, da escuta da Palavra, da mediação da paternidade espiritual do homem.
O Evangelho de Marcos começa no deserto. É no deserto que João brada e anuncia. Num lugar marginal e periférico, de solidão e de silêncio, de ascese e de retiro. Por isso, vale a pena perguntar: a quem brada João? Porquê? Com que objectivo? Não será louco? Contudo a sua voz encontra espaço no deserto e ali manifesta a sua força profética: longe dos grandes centros de poder (político e religioso) a palavra é clara e genuina, é forte e autorizada, é capaz de abrir estradas e horizontes, de dar sentido à esperança, ou mesmo, de ser profética. No deserto, a palavra pode purificar-se, libertar-se das mistificações e desmascarar com clareza os ídolos; pode soltar-se dos lugares comuns e das frases feitas, dos conformismos e das acomodações. A Palavra aparece plena de sentido e atrai as pessoas, não intimida mesmo sendo exigente; leva as pessoas a um êxodo, a um caminho no deserto para encontrar o Senhor; a um caminho em direcção a João, ou melhor em direcção Àquele que está para vir e de quem João e a sua palavra são sinais. E aquele caminho faz já parte da estrada do Senhor.
LUCIANO MANICARDI
Comunidade de Bose
Eucaristia e Parola
Textos para as celebrações eucarísticas - Ano B
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CD com meditações
para o Advento - Natal
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