XXVII domingo do Tempo Comum
Na parábola do vv. 7-10 Jesus compara os apóstolos aos patrões que têm servos e depois diretamente aos servos, ainda para mais inúteis. A autoridade na igreja deve ser entendida como serviço e excluir qualquer relação de força e domínio. A passagem de “ter um servo” (cf. Lc 17,7) a “ser um servo” (cf. Lc 17,10) é significativa: na comunidade cristã não existem patrões e servos, existem irmãos que são servos do único Senhor e mestre (cf. Mt 23,8-10). A autoridade na igreja deve ser crivada pela humildade e pelo serviço para que não se exprima como poder e obscureça a supremacia, única, de Jesus: “nem o enviado (é) mais do que Aquele que o envia”, disse Jesus aos seus discípulos logo depois de lhes ter lavado os pés na última ceia (Jo 13,16).
Eis pois a situação, paradoxal mas salvífica, em que é colocado o missionário, o apóstolo na comunidade cristã: a sua autoridade está em ser enviado como servo (Lc 17,7; At 20,19), para trabalhar no campo do Senhor (1Cor 3,5 ss.), para lavrar (Lc 17,7; 1Cor 9,10) ou pastorear (Lc 17,7; At 20,28; 1Cor 9,7). A sua autoridade repousa na obediência à Palavra do Senhor (Lc 17,10). E eis a consciência com que o servo é chamado a exercer o seu ministério: a inutilidade. Não que o que faça seja inútil, mas a consciência que anima o apóstolo é libertadora e livre quando ele cumpre tudo sem se destacar, remetendo o que faz para o Senhor que está na origem do seu chamamento e de cada fruto apostólico. Paulo, depois de ter recordado ter "servido o Senhor com toda a humildade" (At 20,19), diz: “a meus olhos, a vida não tem valor algum; basta-me poder concluir a minha carreira e cumprir a missão que recebi do Senhor Jesus” (At 20,24).
Reflexões sobre as leituras
de LUCIANO MANICARDI
Comunidade de Bose
Eucaristia e Parola
Textos para as Celebrações Eucarísticas - Ano C
© 2009 Vita e Pensiero
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