III domingo de Páscoa
O discípulo amado faz uma profissão de fé (“É o Senhor”: v. 7), enquanto Pedro, que tem a responsabilidade de confirmar na fé os seus irmãos (cf. Lc 22,32), é chamado a uma tripla confissão de amor (vv. 15-17). Se por detrás do discípulo amado e de Pedro se devem antever as respetivas Igrejas (a grande Igreja petrina cuja mensagem espiritual está condensada nos sinópticos e a Igreja joanina que no quarto evangelho exprime a sua alteridade) é interessante notar como a profissão de fé do discípulo amado, que na realidade é uma comunicação de fé dirigida a Pedro (“disse a Pedro: É o Senhor”), representa a troca de dons, a partilha de riquezas espirituais entre igrejas diversas. No discípulo amado manifesta-se o discernimento do amor, o intuito do amor; Pedro, por sua vez, é chamado a reconhecer e a cobrir o próprio pecado (a tripla traição) com a tripla confissão de amor diante de Jesus e a declinar o próprio amor como consequência do seguir Jesus (“Tu segues-me”: v. 19). A sequela exigida a Pedro é também a marca espiritual dos Evangelhos sinópticos, enquanto o permanecer (ou habitar), aplicado ao discípulo amado (cf. Gv 21,22-23), caracteriza o quarto Evangelho.